12 abril 2011

“Eu era um sujeito então perseguido pelas nostalgias. Sempre tinha sido, e não sabia como me livrar da saudade para viver tranqüilamente.

Ainda não aprendi. E desconfio que nunca vou aprender. Mas pelo menos já sei uma coisa valiosa: é impossível se livrar da memória. Você não pode se livrar daquilo que amou.

Isso tudo vai estar sempre com a gente. Sempre vamos desejar recuperar o lado bom da vida e esquecer e desnutrir a memória do lado mau. Apagar as perversidades que cometemos, desfazer as lembranças das pessoas que nos magoaram, eliminar as tristezas e as épocas de infelicidade.

É totalmente humano, então, ser um nostálgico, e a única solução é aprender a conviver com a saudade. Talvez, para a nossa sorte, a saudade possa se transformar, de uma coisa depressiva e triste, numa pequena faísca que nos impulsione para o novo, para nos entregar a outro amor, a outra cidade, a outro tempo, que talvez seja melhor ou pior, não importa, mas será diferente. E isso é o que todos procuramos todo dia: não desperdiçar a vida na solidão, encontrar alguém, entregar-nos um pouco, evitar a rotina, desfrutar a nossa parte da festa.”

Trilogia Suja de Havana.

02 fevereiro 2011

"Com ela aprendeu Florentino Ariza o que já padecera muitas vezes sem saber: pode-se estar apaixonado por várias pessoas ao mesmo tempo, por todas com a mesma dor, sem trair nenhuma. Solitário entre a multidão do cais, dissera a si mesmo com um toque de raiva: “O coração tem mais quartos que uma pensão de putas.”"

O Amor Nos Tempos do Cólera.

01 fevereiro 2011

"Mas aquela tarde perguntou a si mesmo com sua infinita capacidade de ilusão se uma indiferença tão encarniçada não seria um subterfúgio para dissimular um tormento de amor."

Florentino Ariza questionando os motivos que geram os caprichos amorosos de Fermina Daza.

02 janeiro 2011

"É inútil construir tal modelo de franqueza: a vida só é tolerável pelo grau de mistificação que se põe nela. Tal modelo seria a ruína da sociedade, pois a “doçura” de viver em comum reside na impossibilidade de dar livre curso ao infinito de nossos pensamentos ocultos. É porque somos todos impostores que nos suportamos uns aos outros. Quem não aceitasse mentir veria a terra fugir sob seus pés: estamos biologicamente obrigados ao falso. Não há herói moral que não seja ou pueril, ou ineficaz, ou inautêntico; pois a verdadeira autenticidade é o aviltamento na fraude, no decoro da adulação pública e da difamação secreta. Se nossos semelhantes pudessem constatar nossas opiniões sobre eles, o amor, a amizade, o devotamento seriam riscados para sempre dos dicionários; e se tivéssemos a coragem de olhar cara a cara as dúvidas que concebemos timidamente sobre nós mesmos, nenhum de nós proferiria um “eu” sem envergonhar-se. A dissimulação arrasta tudo o que vive, desde o troglodita até o cético. Como só o respeito das aparências nos separa dos cadáveres, precisar o fundo das coisas e dos seres é perecer; conformemo-nos a um nada mais agradável: nossa constituição só tolera uma certa dose de verdade…"

Emil Cioran, em Breviário da Decomposição.

01 janeiro 2011

"Eu entro/ eu te vejo/ eu te observo/ eu te examino/ eu te espero/ eu te faço cócegas/ eu te provoco/ eu te respiro/ eu converso/ eu toco no seu cabelo/ você é a pessoa/ você é a pessoa que fez isso comigo/ você me pertence/ eu te mostro/ eu te sinto/ eu te pergunto/ eu não pergunto/ eu não espero/ eu não te pergunto/ eu não posso te contar/ eu minto/ estou chorando muito/ havia sangue/ ninguém me contou/ ninguém sabia/ minha mãe sabe/ eu esqueço seu nome/Eu não penso/ eu escondo minha cabeça/ eu escondo sua cabeça/ eu escondo você/ minha febre/ minha pele/ eu não consigo respirar/ eu não consigo comer/ eu não consigo andar/ eu estou perdendo tempo/ estou perdendo chão/ não posso agüentar isso/ eu choro/ eu grito/ eu mordo/ eu mordo seu lábio/ eu respiro sua respiração/ eu pulso/ eu rezo/ eu rezo em voz alta/ eu cheiro você na minha pele/ eu digo a palavra/ eu digo seu nome/ eu te cubro/ eu te abrigo/ eu fujo de você/ eu durmo ao seu lado/ eu cheiro você nas minhas roupas/ eu guardo suas roupas."

Jenny Holzer
"Alguma vez você já se apaixonou? Horrível, não é? Você fica tão vulnerável. Seu peito se abre, seu coração se abre e isso significa que alguém pode entrar em você e bagunçar tudo. Você ergue todas essas defesas, você constrói uma armadura durante anos, de modo que nada possa te machucar, então uma pessoa estúpida, nada diferente de qualquer outra pessoa estúpida, entra em sua vida estúpida... você dá a eles um pedaço de você. Eles não pediram por isso. Eles fizeram alguma coisa de estúpido um dia, como beijar você ou sorrir para você, e então sua vida já não lhe pertence mais. O amor faz reféns. Ele fica dentro de você. Ele devora você e te deixa chorando na escuridão, então uma simples frase como 'talvez devessemos ser apenas amigos' se transforma em estilhaços de vidro rasgando o caminho em seu coração. Isso dói. Não apenas na imaginação. Não apenas na mente. É uma alma ferida, uma verdadeira dor-dentro-de-você-que-te-rasga-para-além-da-dor. Eu odeio o amor."

Apaixonar, por Neil Gaiman.

06 novembro 2010

"Tal como as outras mulheres incontáveis que amou, e mesmo as que lhe agradavam e o achavam agradável sem amá-lo, aceitou-o como aquilo que era na realidade: um homem de passagem."

Sobre o fardo de Florentino Ariza, em O Amor nos Tempos do Cólera.

26 setembro 2010

I'm a little bit Joel Barish... but always fine without Clementine.

11 setembro 2010

"And I'm nothing more than a line in your book."

current song: Funeral For a Friend - Juneau
movie pic: Timer

12 junho 2010

I want a lover I don't have to love.
I want a girl who's too sad to give a fuck.
[...]
You write such pretty words
But life's no storybook
Love's an excuse to get hurt
And to hurt
Do you like to hurt?
I do, I do
Then hurt me..
.

Bright Eyes, em Lover I Don't Have to Love.